domingo, 19 de dezembro de 2010

IX Prêmio Literário Livraria Asabeça 2010

A Livraria Asabeça organiza anualmente, desde 2002, com apoio da Scortecci Editora o Prêmio Literário Livraria Asabeça, que tem por objetivo descobrir novos  talentos e promover a literatura brasileira. No endereço www.scortecci.com.br/Seção Prêmio Literário Livraria Asabeça, você encontra  o histórico do Prêmio  e a relação de todos os vencedores desde 2002.

O poema Calendário de minha autoria foi selecionado e publicado  na Antologia, Categoria Terceira Idadade, do  IX Prêmio Literário Livraria Asabeça - 2010.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

COLAR DO MÉRITO LITERÁRIO "HALDUMONT NOBRE FERRAZ"

Torno público o meu agradecimento ao Clube de Escritores de 
Piracicaba pela honraria que me foi outorgada no dia 26/11/2010.

Por motivo justo não pude comparecer à solenidade aprazada, razão pelo qual tive a grata surpresa ao receber  a condecoração via ECT.

Ao Presidente do Clube de Escritores, ao Diretor do Departameto de Honrarias e Méritos e a todos os membros desta conceituada associação  de poetas e escritores o meu mais sincero agradecimento.

Ivo Gomes de Oliveira - IGdeOL

terça-feira, 2 de novembro de 2010

ELA ESTÁ CHEGANDO

(IGdeOL, Dia dos Finados, 2010)


Na madrugada, na sua quietude,
Contemplo no passado o mistério da vida...
Vislumbro silenciosa a grande saída
Que a voz do calar apresenta-me amiúde.

Não mais importa o que fiz ou o que faço
Liberto-me da prisão que o trabalho me doou
Foram fazes de lutas que hoje rechaço
Para viver os dias de quem na verdade eu sou.

Quando jovem foi o labor meu triunfo e lazer
Já maduro compreendo meu êxito e sucesso
E abandono o antigo, renovando meu ser:

Adormeço guardando segredos sem ter,
Acordo com a luz inundando o Universo
E acolho a velhice com todo o prazer.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

NOVO CÉU

Na Primavera alvissareira do infinito
Renovam-se os versos que escrevi contente
E um jardim florido de vivas letras
Materializa a imagem que me vem à mente.

Sou velho escriba lançado ao lago ardente
De um inferno infesto de enxofre e foto
Para morrer junto aos rústicos textos
E renascer nas letras de um poema novo.

Assim, debruço-me, dedicado e atento,
A registrar na lousa sagrada dos meus dias
Os sinais expressivos deste bom alento.

E a visão apocalíptica de um novo tempo
Transmuta as minhas dores em alegrias
E a sede da beleza em fonte de alimento.

(IGdeOl)

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PROCLAMAÇÃO


IGdeOL)

Uma porção de poeta germina em minha alma
Nesta noite quente e estrelada dos meus dias
E vou rabiscando o pensamento de alegrias,
Que me derrama sobre o ser agradável calma.

Verdade que neste poema com rigor proclamo
Quão bom e útil o obstáculo que transponho
Na travessia lúcida deste claro sonho
Para tombar nos braços de quem tanto amo.

Meu ser desponta no firmamento infindo
Com a audição sonora de suaves acordes
Da inspiração sublime que me vem fluindo.

Agora sou o escriba de um poema lindo
E percebo no íntimo dos seus olhos verdes
Pétalas de amor sobre nós dois caindo!


















sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ORA, SE POETA SOU?







Talvez algum dia
voce encontre meu verso
expresso

no sopro do vento.
no canto do pássaro,
no murmúrio do mar,
no silêncio da noite,
na paz do luar!

Talvez algum dia
você encontre me verso
faceiro e contente
na boca inocente
de crianças felizes
que cantam e dançam
fazendo sucesso!

Talvez algum dia
você encontre meu verso
em planos distantes,
ou no sussuro de amantes
que muito se amam!

Talvez algum dia
sem mesmo procurar,
você encontre meu verso
mal escrito em caderno escolar,
datilografado em papel oficial
ou digitado, faltando editar!

Talvez algum dia
você encontre meu verso...

Encontar a poesia
será mais difícil...

Mas te dou uma pista:
revire o Universo,
procure, insista, persista,
e se não encontrar
no espelho se mire
e verá com alegria
ali refletida
a minha poesia!...

(IGdeOL: Amor, singelo amor! Gráf. Verdes Mares, Itapema, 2002)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

SAUDADES


Passatempo,
entretenimento...
Brinco com o mouse,
as letras,
o teclado...

Formo palavras,
exercito os dedos...

Mas o pensamento,
o meu pensamento
como um desgarrado
não brinca com os meus brinquedos!

Neste momento
brinca de voar
de volitar
de visitar...

Mas na verdade
e menos mal,
carrega a saudade
que trago comigo
da minha terra natal
da minha cidade
dos meus amigos!...

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DIA DO MAÇOM BRASILEIRO



DIA DO MAÇOM BRASILEIRO - 20 DE AGOSTO


A data comemorativa ao Dia do Maçom foi instituída no ano de 1957
A escolha da comemoração recaiu no dia 20 de agosto porque nesse dia, em 1822, as Lojas “Comércio e Artes”, “União e Tranqüilidade” e “Esperança de Niterói” em sessão conjunta, presidida pelo 1° Grande Vigilante Joaquim Gonçalves Ledo, no impedimento do Grande Mestre José Bonifácio, “dirigira um enérgico e fundado discurso demonstrando com as mais solidas rasões, que as actuaes políticas circunstanciais de nossa Pátria e rico fértil e poderoso Brasil, demandavam e exigiam imperiosamente que a sua cathegoria fosse inabalavelmente formada com a proclamação da nossa Independência...”, conforme se registra no livro 1° das atas das Sessões do Grande Oriente do Brasil daquela data.
Sabe-se que a maçonaria brasileira participou ativamente dos acontecimentos políticos de cabal importância para a Pátria tais como a Independência, a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República, tendo sido representada por maçons, dentre os quais são citados José Bonifácio, Gonçalves Ledo, D. Pedro I, Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa e muitos outros. Também diversas entidades que prestam relevantes serviços a humanidade foram fundadas por maçons, vejamos alguns exemplos: O Escotismo por Robert Baden Powell, o Rotary Clube por Paul Harris, os Lions Clube por Melvin Jones, os grupos de jovens De Molays por Frank Sherman Land.
Pergunta-se: O que é a maçonaria?
A maçonaria é uma sociedade discreta, na qual homens livres e de bons costumes, denominando-se mutuamente irmãos, cultuam a Liberdade, a Fraternidade e a Igualdade entre os homens. Seus princípios são a Tolerância, a Filantropia e a Justiça. Seu caráter secreto deveu-se a perseguições, a intolerância e a falta de liberdade demonstrada pelos regimes reinantes da época. Hoje, com os ventos democráticos, os maçons preferem manter-se dentro de uma discreta situação, espalhando-se por todos os países do mundo.
Sendo uma sociedade civil sem fins econômicos a maçonaria possui suas agremiações devidamente registradas nos Cartórios Públicos competentes, nada havendo, portanto, de secreto.
A maçonaria não é uma religião. Seus integrantes professam as mais diversas religiões. Como no Brasil a grande maioria dos brasileiros é cristã, adota-se a Bíblia como livro da lei. Em outra nação, o livro que ocupa o lugar de destaque no Templo, poderá ser o Alcorão, o Tora, o livro de Maomé, os Vedas, etc., de acordo com a religião de seus membros.

domingo, 15 de agosto de 2010

CAUSOS DO TIO LELO

No centro da mesa: D. Carola e Tio Lelo - Foto IGdeOL, 1994


O primeiro contato que tive com Tio Lelo foi quando assumi a gerência da agência do Banco do Brasil em Canguçu, no ano de 1992.

A recepção que me foi preparada por alguns clientes e colegas do Banco mantêm-se gravada em meu coração.

Informaram-me de início que ali naquela localidade todos os gerentes de banco deveriam andar armados pelo perigo constante de sermos abordados por pessoas nada amistosas. Como lhes disse que não possuía arma, sugeriram-me acompanhá-los até a residência de um senhor que vendia revólveres importados por preço bastante acessível, inclusive com registro e porte de arma. O empresário Paulo Bettin e o colega José Hamilton ficaram encarregados de me acompanhar até a fazenda onde poderia apreciar e escolher a arma do meu agrado.

No dia previsto fui apanhado pelos novos amigos que fizeram questão de me conduzir ao local no automóvel do Sr. Paulo Bettin.

Lá chegando fomos amavelmente recebidos pela simpática Dona Carola e pelo Tio Lelo, que nos conduziram à sala de visitas, onde se desenhou o fato que narro no poema logo a seguir.

Posteriormente, com a convivência naquela localidade, melhor conheci a personalidade alegre, jovial e com permanente sorriso nos lábios, que se desdobrava em contar causos e anedotas sobre a vida e os costumes locais.

De fato, Tio Lelo, tomava seu banho nas águas frias da lagoa, recolhia o gado de sua estância cavalgando uma moto CG-125; possuía um copo adaptado para o vinho inexistente e uma caixa, entre muitas, com um boneco vestido de padre que ao se abrir fazia saltar o falo de madeira trabalhada.

Fazia muitas brincadeiras com as pessoas que chegavam a Canguçu. Isto já com oitenta anos de idade.

Hoje, Tio Lelo, encontra-se no Oriente Eterno, contando seus causos para os anjos e querubins.

CAUSOS DO TIO LELO
(IGdeOL, Canguçu, 1993)

Tio Lelo, me conta um causo,
hoje quero ser feliz!

Tio Lelo, com teu sorriso
zombeteiro, de guri,
e os teus olhos tão brilhantes
que refletem a todo o instante
a tua alma juvenil,
contagiam meu espírito
e envolvem a minha mente
a volver pelo infinito!

Vejo ao final das tardes,
nas minhas caminhadas,
quando revejo a manhã,
o teu lago de águas claras
gelado pelo inverno
e na superfície plana
um orifício real
onde tu tens a entrada
pro teu banho matinal!

E naquela madrugada
ao nadar por duas horas,
retornas tateando as bordas
descobrindo com as mãos
a saída na entrada.

Depois, bem depois,
lá pelas dez horas,
chega um homem com denodo
prá comprar revólver novo,
importado, bem barato
e a Carola serve no ato
picado de queijo e mate
e afinal como arremate,
vinho verde, lá do Porto...

E o índio afobado
emborca a taça na boca
que de vinho não em nada.
A taça está bem fechada
e o vinho é só enfeite...
Mas serviu para o deleite
e para um sorriso velado!

Em seguida apresenta a caixa
do revólver importado
e aquele pobre coitado,
já faceiro por comprar
arma boa, registro e porte,
por um preço tão barato
leva um susto quando abre...
Salta a “pistola do padre”
na cara do desgraçado!

Sou feliz hoje, Tio Lelo,
por viver este teu causo!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

CASA DOS MEUS SONHOS


Oh, meu Deus, que bom seria
viver meu sonho dourado
no conforto de um sobrado
planejado com magia!

Ouvir o canto afinado
dos pássaros ao iniciar o dia,
sentir o perfume das flores,
apreciar as variadas cores
do jardim ali formado!

E nessa doce harmonia,
no seio dessa morada,
nos braços da minha amada,
viver eterna poesia!


(IGdeOL): Amor, singelo amor! Graf. Verdes Mares: Itapema (SC) 2002, pág. 31)

sábado, 31 de julho de 2010

REVELAÇÃO


Sou estranha figura,
isolado, olhos vendados,
escuridão escura!

Sinto e pressinto
mãos misteriosas
a retirar a venda
que me cobre os olhos...

E enxergo na luz
que agora reluz
a grande verdade
que ver sempre quis:

- O mundo feliz,
a vitalidade do ser
que sobrepuja a matéria,
a força etérea,
o sentido da vida!

- A poesia limpa e pura
que na forma madura
da cadência do verso
e na quebra da rima
vem solene exaltar
a centelha divina
nos umbrais do Universo,
na crosta terrestre ,
nas vagas do mar!

O riso, o choro,
o grito contente,
o gemido na dor,
formam notas vibrantes
de hino constante
de paz e de amor!

A Lei compreendi,
é justa e perfeita,
a causa e o efeito
andam junto ao eleito
e a verdade conduz
em dado momento,
ao caminho da luz,
cada um ao seu tempo!

Mais cedo ou mais tarde,
no instante adequado,
até mesmo o culpado
no seio do amor
terá acolhida,
e verá desvendado
os mistérios do mundo,
da morte e da vida!

(IGdeOL: Amor, singelo amor! Itapema, 2002)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

FANTASMAS E ASSOMBRAÇÕES


No ventre da noite
os fantasmas se formam
e são paridos, um a um,
nas esquinas e encruzilhadas.


E os viandantes noturnos,
soturnos e embuçados de medo
recolhem as criações
ao ambiente seguro
das casas mal-assombradas.


(IGdeOL: Versos Esparsos, Blumenau: Nova Letra, 2009, pag.16)

terça-feira, 13 de julho de 2010

RECORDAÇÕES

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SÃO BENTO
CARAZINHO (RS) - Jul/2010 - Foto IGdeOL

Quando no silêncio da noite

converso com meus botões,
sinto voar o pensamento
em busca de emoções
e em "flash" instantâneo
visitar muitas regiões.

Como é belo e agradável
na noite calma e serena
sentir, ver e recordar
a vida que valeu a pena,
as amizades deixadas
e os locais que fazem a cena!

Recordar os velhos tempos
da infância e da mocidade,
os brinquedos e os namoros
as paixões sem muito alarde,
a Escola do Laranjal,
minha vila e a cidade!

Vestir meu primeiro terno
que minha mãe fez com carinho,
casimira azul-marinho,
camisa de colarinho,
gravata, já pronto o nó,
sapato preto lustrado
em um lencinho engomado
no bolso do paletó!

E assim, enfatiotado,
tomar o ônibus bem cedo,
sem esquecer o detalhe
de me manter comportado
que o dia muito vale,
é minha primeira missa
como aluno do "La Salle"!

Recordar?...
Ah, que saudades
dos meus tempos de guri,
da minha terra natal,
da "Cruzinha" onde nasci,
das margens do Rio da Várzea
floridas de sarandis
onde junto ao meu pai,
naquelas saudosas tardes
ia pescar lambaris!

E "São Bento",
lembro-me bem,
aquela parada do trem
que hoje me parece lenda,
A "Maria Fumaça" chegando
e o meu avô me esperando
para as férias na fazenda!

Êta que férias gostosas
naqueles dias de infância,
brincar na água da sanga,
correter por toda a estância,
cavalgar no burro manso,
sentir a escola à distância!

E a noite já cansado,
mas livre dos desenganos,
ouvir histórias de fadas,
contos de indios e ciganos
e vovô a declamar solene
o poema "Meus Oito Anos"!

Recordar, diz o poeta,
é viver mais de uma vida,
por isso, hoje em versos,
nesta poesia sentida,
revivo os meus afetos
e a minha terra querida!

(IGdeOL: Amor, singelo amor!, Itapema: Graf.Verdes Mares, 2002)

quarta-feira, 30 de junho de 2010

VIA SACRA

IGdeOL

Viandante das praias de Itapema,
sou um andarilho a vagar sem rumo,
da essência da vida procurando o sumo
para aprisionar em sonoro poema!

Pescador de versos que na rede caia,
em minutos apenas, em fração de tempo,
recolho as pérolas do meu pensamento
junto aos bares desta Meia Praia...

O vento suave que em meu corpo bate
é o abraço fraterno que o Universo abarca
ao poeta, cultivador de beleza e arte!

Agradecido sou, inspiração à parte,
chego a mais uma estação da minha via sacra,
um trago apenas: só de poemas não sobrevive o vate!...

quinta-feira, 10 de junho de 2010



QUESTIONAMENTO




Bem-te-vi,
porque me provocas
nas manhãs de sol?

Acordo ao raiar do dia
para conferir tua implicância
e à distância abro a janela da minha alma:
sem te avistar ouço a tua cantiga.

Mergulho na minha individualidade
com o teu canto que me encanta
e me questiono nas manhãs de sol:
- Que tu vês, bem-te-vi?
(IGdeOL)

domingo, 16 de maio de 2010

FILOSOFANDO


(IGdeOL)

Caramba, que manhã gelada
deste inverno frio e matreiro!...

A geada, na madrugada,
no seu trabalho de fada
pintou de branco o potreiro!

E no tranco de tropeiro
com seus raios vivos de luz
o sol garboso aparece
e, pouco a pouco, conduz
na sua eterna rotina
a mudança, sem pilhéria,
de transformar a matéria
na forma da Lei Divina...

O orvalho congelado
ao toque do sol alçado
límpidas lágrimas derrama
que vão correndo na grama
do descampado sinuoso.

E no calor luminoso
do sol sublime do dia
o sólido gelo do orvalho
na messe desse trabalho
retorna ao estado gasoso
e outro ciclo se inicia.

Assim é a vida, assim sou eu,
porção de orvalho congelado,
no potreiro do mundo espalhado
aguardando do sol o apogeu
para no momento oportuno
desfazer-me em sutis substâncias,
volitar e adejar por ditosas distâncias
livre das amarras deste mundo soturno!

sábado, 8 de maio de 2010

DIA DAS MÃES


DEDICADO A MINHA MÃE

NO JARDIM SUSPENSO DOS MORTOS

(IGdeOL)


Sobressalto!

Minha mãe chora copiosamente sobre o meu cadáver.

Lágrimas umedecem o paletó preto que, lembro-me vagamente, aquele homem de face pálida e aparência distinta havia me vestido quando ainda eu jazia no frio mármore do necrotério.

Tento articular palavras de consolo à minha aflita mãe, mas os lábios que sinto ressecados não obedecem ao comando do meu cérebro. Não consigo desviar a atenção do perfil que se depara à minha frente.

Flexiono os braços para abraçá-la e eles não se movimentam.

Ouço à distância o murmúrio do vento e cânticos sonoros que aguçam a minha mente em redemoinho violento.

Não tenho noção de tempo. O lugar em que me encontro parece-me frio e terrível. Medo e pavor apoderam-se do meu pensamento. Sinto-me perdido nos confins do Universo e as lágrimas que minha mãe derrama sobre o paletó vão pouco a pouco adentranda no casimira do seu feitio, aquecendo meu coração inerte.

Sinto-me protegido por agradável sensação de afeto e me dou conta que não mais faço parte do mundo dos mortais e que sou mais um vivente no desconhecido mundo dos mortos.

Que serei nesta estranha paragem com o corpo sem ação e sendo corroído pelos vermes que deslizam nas minhas entranhas, sem ao menos pedirem-me licença para tanto?

Ah, se eu soubesse!

Com certeza teria tido mais carinho para com Dona Alzira, minha querida mãe, durante a efêmera vivência terrestre.

Agora somente as suas lágrimas são os medicamentos que amenizam as dores das feridas que minúsculos seres fazem na minha carne e nas minhas entranhas.

Silencio...

Silêncio completo!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

VENTO SUL




(IGdeOL)

São dias amargos, aziagos, os dias de vento sul!
Vejo o mar, a baía, a Praia do Meio
fria, sem o contraste do azul calmo, sereno,
sem os tons esverdeados dos dias de sol
no Bairro Coqueiros.

Os dias de vento sul
são dias amargos, aziagos!...

Homens, mulheres, crianças,
protegem o corpo, protegem o rosto
e saem à rua encolhidos, escondidos,
enrolados em seus agasalhos, abrigos,
nesses dias amargos, aziagos.

Enrolados também seus pensamentos
não notam que o vento é parte da providência Divina,
limpa a rua, a sujeira da esquina,
limpa o mar, a praia, o oceano,
a atmosfera e a terra que amamos!

E nesses dias, dias amargos, aziagos,
o Universo local se renova
levando ao sabor do vento
miasmas do pensamento
que ao muito longe desova
e por muitos outros dias
nos retorna as alegrias
do azul esverdeado do mar
das manhãs lindas de sol
das tardes de arrebol
e das horas subliemes de amar!

sábado, 17 de abril de 2010

A TRAVESSIA


(IGdeOL)

O porto não é tão distante como imaginava.

Cheguei ao local na noite passada conduzido pelo meu padrinho Florêncio que tinha a missão de mostrar-me o barco que há muito tempo transportou, com toda a segurança, o meu avô para o outro lado da vida.

Inicialmente nada pude observar. Parecia-me que meus olhos estavam vendados, tal a escuridão que ali se fazia. Vi a luz gradativamente ao tempo em que ouvia a voz do meu padrinho dirigindo-se ao barqueiro:

- Este é o poeta de quem te falei, neto do velho Gonçalves e meu afilhado. Ele tem disponível alguns talentos que economizou da venda de livros de versos e deseja acertar o preço da futura viagem em teu barco...

Ouvi até esse ponto da conversa. Meu padrinho diminuiu o tom da voz. Ambos gesticulavam. Pareciam dois italianos amigos que se encontram antes da missa das manhãs de domingo.

Recomposto observo o cenário e presto atenção naquela figura misteriosa que se chama Caronte. Vestes negras, barba branca (longa e espessa) , vivacidade no olhar, rosto majestoso e severo. Velho, muito velho...

Já desfeito do choque inicial perguntei-lhe, aproveitando o momento em que se encontravam nossos olhares:

- Caro Caronte, quando posso fazer a travessia?

- Quando findar o teu tempo, jovem poeta.

- E o custo da viagem? Posso pagar-te antecipado ou financiar pela Mortevest?

- Não caro poeta, nada recebo antecipado e a financeira não é da minha confiança.

- Então, como devo proceder?

- Teus entes vivos é que farão o pagamento. Tua alma embarcará "no meu barco" após eles terem celebrado as devidas cerimônias fúnebres e teu corpo tenha sido convenientemente cremado e/ou sepultado. Não poderão esquecer-se de colocar uma "garoupa" no teu "Olho de Shiva", que retirarei para o pagamento do transporte.

- E se tal não ocorrer?

- Vagarás pela margem do grande rio durante cem anos, entre troncos e barrancos, para que se torne limpo, puro, leve e finalmente digno de adentrar ao meu barco.

- Reserva-me uma passagem, por favor! Volto ainda hoje à Itapema. Gastarei com bom gosto os talentos economizados até agora e concluirei o meu testamento.

Despedi-me de ambos com um triplice e fraternal abraço.

Padrinho Flor ficou no porto contando causos e recitando meus versos para entretenimento de Caronte. Aguardam o meu retorno com uma nota de "garoupa" sobre o olho da alma.




domingo, 4 de abril de 2010

VERSOS ESPARSOS E ESTAÇÃO CATARINA





















Agradecemos a presença dos amigos das letras no lançamento dos livros VERSOS ESPARSOS, poemas de IGdeOl, ilustrações de Hugo Aresse Quintana, Blumenau: Nova Letra, 2009 e ESTAÇÃO CATARINA, O trem passou por aqui, Org. e seleção de textos por Fátima Venutti, Blumenau: Nova Letra, 2009, realizado no dia 31 de março p.p., no Hotel Resort Residencial Itapema, na cidade de Itapema (SC).
Reconhecimento ao apoio recebido das seguintes pessoas e instituições:
Poeta Pedro de Quadros Du Bois, presidente da Academia Itapemense de Letras, e sua esposa Tânia Du Bois;
Empresário Cássio Fernando Lopes Peixoto e sua esposa Jacira, diretores do Hotel Resort Itapema;
Acadêmico da AIL, Francisco Eduardo Barbosa, publicitário;
Adalberto Nunes de Oliveira, músico;
Claudionor Brasil de Lima, fotógrafo;
Djalmo e Soraya Amaral, artesãos
Compareceram ao evento as seguintes autoridades:
Maria Luci da Silva, Vice-prefeita municipal;
Letícia Boing, diretora de cultura municipal:
Alcionei Tridapalli, vereador;
Terezinha Manczack, Cônsul Poetas del Mundo para o Estado de Santa Catarina;
Registramos também a presença dos co-autores do livro Estação Catarina:
Fátima Venutti, Ivo Gomes de Oliveira, Jairo Martins, Paulo Roberto Bornhofen e Rosane Magaly Martins e do poeta e escritor Rubens da Cunha, de Joinville (SC)





















segunda-feira, 22 de março de 2010

VERSOS ESPARSOS - IGdeOL















Invisto em
Versos
Ocasionais.

Germino no
Ostracismo
Mínimo
E esdrúxulo
Social


Desisto dos negócios
E da política anacrônica

Olvido o passado nefasto na
Liberdade da consciência
Impávida do meu "Eu".
Vasta energia pousa-me no ideal
E na postura ereta, digna e
Imensurável de sonhar...
Realizar
Além dos limites humanos.

(Versos esparsos:poema/IGdeOL. Blumenau: Nova Letra, 2009)

Convite para coquetel de lançamento: Data: 31/03/2010, 20 horas. Local: Hotel Resorte Itapema, Av. Gov. Celso Ramos, 707, Centro, Itapema (SC)