sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ANO VELHO

Período sagrado em que o poeta e a Terra andaram abraçados a percorrer por doze meses o caminho em volta ao Sol.
Para a Terra a viagem é costumeira e repetitiva.

Para o poeta é um dos períodos de experiência, de prática da vida, de ensaios, de tentativas.

Nesse espaço de tempo o vate experimentou, provou, praticou, verificou, sentiu e sofreu. Experimentação que o fará mais experto, mais sabedor, mais experimentado e assim, melhor preparado para o ANO-BOM e para o ANO NOVO.

Oh, quão bom, belo e agradável o ANO VELHO!

(IGdeOL, 2008)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SONHADOR

 
Sim, sou um sonhador!
Na memória tenho impresso
as fronteiras do Universo
das viagens que viajei,
dos sonhos que sonhei,
das experiências, das lidas,
no duro labor das vidas
nos mundos que habitei.

Já fui, como são muitos,
descrente por ignorância...
Vivi sem  dar importância
aos segredos, aos arcanos,
e por muitos e muitos anos
foi meu parceiro: o medo...
Mas hoje, acordo bem cedo
recordando sonho e planos!

O sonho, posso explicar,
é amancipação da alma
que na mais surdina calma,
durante o sono da  gente,
livra-se do corpo dormente
para visitar outros mundos
e após estágios profundos
retorna ao mesmo ambiente.

E é essa recordação
dos contatos realizados
em nossa mente gravados
o que chamamos de sonho,
seja bom, seja bisonho,
todos eles instrutivos
e que formam os arquivos
destes versos que componho!

Pensa o leigo que sonhar
é viver uma  fantasia,
uma ilusão, uma utopia,
ser um louco desvairado,
mas será um felizardo
no encontro da verdade,
seja hoje ou mais tarde
ou neste verso quebrado!

Sim, sou um sonhador!
Na memória tenho impresso
as fronteiras do Universo
da viagens que viajei,
dos sonhos que já sonhei,
das experiências,  das lidas,
no duro labor das vidas
dos mundos que habitei...

( IGdeOl: Amor, singelo amor!, pag. 45,  Graf. Verdes Mares, Itapema, 2002)


sábado, 29 de outubro de 2011

DIA NACIONAL DO LIVRO

A leitura é um dos entretenimentos mais útil que o ser humano pode praticar ao longo da vida. O exercício da leitura é um fortalecedor da nossa mente, assim como o exercício físico é para o organismo em geral. Este exercício pode não apresentar transformações nas pessoas, mas com certeza virá amadurecer as virtudes latentes que há em cada indivíduo e alinhar o seu pensamento nas mais diversas áreas do conhecimento.

Para adentrarmos ao conhecimento devemos ter em conta que o ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra ou da linguagem escrita, mas se antecipa e se alonga na inteligência do mundo, porque a leitura do mundo pelo indivíduo precede a leitura da palavra. A leitura não é, pois, lidar apenas com  letras, palavras, aspectos semânticos,   gramaticais ou fonológicos. Ela carrega algo mais complexo que é a inteligência do mundo, aquela que acompanha-nos desde o nascer até o momento final, a morte.

E o que me leva dizer isso tudo?

Pura enrolação?

Não!

Acontece que hoje, 29 de outubro, é o DIA NACIONAL DO LIVRO, data em que no ano de 1810  foi fundada a Biblioteca Nacional por ocasião da transferência da Real Biblioteca Portuguesa para o Brasil. Para comemorarmos tal efeméride nada mais justo do que realçarmos a importância da leitura de livros, seja em edições impressas ou eletrônicas.

Não há razão para uma Biblioteca sem leitores. O que vale um livro na prateleira? Apenas objeto de enfeite ou decoração de ambientes.

O LIVRO foi escrito para ser lido.  Somente assim cumprirá a sua nobre função de  nos esclarecer as linhas de pensamento nas variadas áreas do conhecimento e de desenvolver nossas virtudes.

(IGdeOL, 29/10/11)

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

SOBRE A PRIMAVERA PRESENTE

A primavera para mim desponta,
saio a percorrer várzeas floridas,
a sugar, qual o beija-flor
o néctar precioso deste bem estar...


Vivo a vida nestes belos dias
sem rebeldia, muito vem vivida...


E tenho um encanto,
sou um pássaro de coloridas penas,
de formosas asas, de mavioso canto!


Andejo por jardins e campos
pela imensidão primaveril florida
e nos desígnios da Divina Lei
nada me falta nesta doce vida!


Tenho água quando me vem à sede,
encontro comida quando me vem a fome
e meu corpo cansado,dorido e ofegoso
da longa jornada do salutar caminho
tem flores e relva a formar um ninho
para breve descanso e restaurador repouso!

IGdeOL, Poemas Dispersos.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

PAZ QUE PRECISO


(IGdeOl)

No silêncio do espírito
meu corpo cansado
respira aliviado
das dores que sinto:
mazela das trevas imbricadas
no caminho que sigo...

E neste sossego
na parada da estrada
me alimento da paz que preciso
para continuar esta vida!

domingo, 10 de abril de 2011

CAMINHO


Transito seguro meu caminho...
(a vereda do destino é imposta a todos os viventes)

Sigo o rumo perfilado
a sós com a minha sombra,
sem ofuscar estrelas,
sem melindrar medíocres.

Em cada pedra que tropeço
colho adornos ao meu próprio eu.

Nessa íngreme trilha não há retornos
e o tempo não deixa espaço para cicatrizar feridas.

A chegada é irrevogável...
No ponto mais elevado
aguarda-me a justiça,
sem alarde...

segunda-feira, 14 de março de 2011

DIA NACIONAL DA POESIA

Poema 14032011



Desejo um poema...

Um poema no prelo,
com cheiro e gosto de vida.

Degustar intensamente
letra por letra,
verso por verso...


A alma do poeta tem paladar...

A poesia: perfume e sabor.

Desejo um poema para degustar:
Cheiro de vida e gosto do belo,
fazem água na boca da alma
do poeta vivente.

domingo, 13 de março de 2011

DESCOBERTA

Heureca! Vivo uma arte
Entre a vida e a morte.

No silêncio da tarde
Revisto-me de alegria
A cantar com os pássaros

Sem lamentar a distância do porvir
Acompanho o vento em vôo astral
E avizinho distâncias no evoluir.

quinta-feira, 3 de março de 2011

DIA DE SOL


DIA DE SOL

Nos dias de sol, salto da cama às oito horas para uma caminhada.

Como uma banana (do verbo comer, alimentar-se: eu como uma banana... não me entendam de outra forma, por favor!), ingiro meus medicamentos de uso diário: dois comprimidos para pressão alta, dois para diabetes, uma unidade para colesterol e outras tantas para triglicerídeo e ácido úrico.

Sete quilômetros de brancas areias. Mar límpido e calmo. Uma dezena de gaivotas aguarda o instante oportuno para desferir certeiro mergulho na busca do seu alimento matinal. Elas não se preocupam em tomar medicamentos e nem com a presença dos viandantes. Estão acostumadas com os caminhantes da orla da Meia Praia e, por instinto, sabem que nenhum deles tem a intenção de roubar-lhes o peixe de cada dia e até levantam a cabeça para cumprimentá-los.

Essas caminhadas nos dias de sol me dão mais ânimo para a vida e amenizam o efeito da obesidade. O meu corpo torna-se mais leve e solto. Todo o período em que me proponho a essa atividade fico mais elástico e por conseqüência consigo, sem muito esforço, amarrar os cordões do tênis com facilidade.

Ah!... Se todos os meus dias fossem "dia de sol"...

domingo, 27 de fevereiro de 2011

OUTRO CARNAVAL





Neste carnaval derradeiro
investirei nas folias de Momo
para soltar o meu eu verdadeiro.

Uma máscara cobre minha face
disfarce do que não sou
coragem para fazer o que sou.


Apanágio dos meus longos dias
quando lúcido e responsável
escondo a volúpia dos meus desejos,
medo da notável discriminação
conce bida em minhas entranhas.

Neste carnaval derradeiro
investirei nas folias de Momo
para soltar o meu eu verdadeiro.

Prestes a uma nova façanha
aguardo mais um carnaval
ruas e salões enfeitados
foliões desatinados
pouca roupa, quase nada,
mascarados, mascaradas,
bebida, suor, algazarra,
trio elétrico, fanfarra,
sexo, loucura, miçangas,
todos a soltar a franga!

IGdeOl, Versos Esparsos, Nova Letra, 2009, pág. 32/33.




quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

LUZ VERMELHA

POEMA EXPOSTO EM UMA PARADA DE ÔNIBUS
ITAPEMA (SC) - ANO 2010

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

POEMA DOS MORTOS












O poema dos poemas,
o melhor poema,
ainda não foi escrito.

Essência aprisionada a sete chaves,
sete na sétima potência,
no micro-universo   do ser,
aprendiz de poeta.

Será revelado no tempo oportuno
no interior de um velho coturno
ou de uma  garrafa de vidro
nas águas negras e salobras do rio Aquerote
ou no casco encharcado  de lodo
do barco dos mortos...

Quiçá,
declamado aos ouvidos atentos
do barqueiro Caronte
ao som  excitante
dos ruídos sinistros
das entranhas da terra
ou no Inferno de Dante,
na voz triunfante
do poeta Virgílio...

O melhor poema
que ainda não foi escrito
encontra-se lacrado
na nave do segredo
de alguma mente enrustida...

( IGdeOl, Versos Esparsos, Nova Letra 2009, pág. 42)

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

SUBLIME VISÃO

Bendito o dia em que uma mão amiga
segura conduziu-me à masmorra fúnebre,
ermo lugar, em que em momentos pude
refletir premente sobre as leis da vida!...

Entre emblemas tétricos, âmbito soturno,
sou no ventre da terra mais uma semente
que o Arquiteto Sublime e Onipotente
ali semeou, dando curso ao mundo!...

Luz instantânea inundou-me a mente,
com visões reais do cotidiano humano,
desconhecidas leis ao ser profano,
mas que o neófito agora vê consciente!

Com júbilo assino o testamento explícito:
- Meus bens aos justos, doação eu faço,
corpo e matéria retornarão ao espaço,
a virtude somente, viverá no espírito!...

sábado, 22 de janeiro de 2011

A POESIA E SUAS MANIFESTAÇÕES

A POESIA CONTEMPORÂNEA
Ivo Gomes de Oliveira (IGdeOL)



A Poesia é forma de expressão literária que surgiu simultaneamente com a Música, a Dança, o Teatro, em época remota à Antiguidade história. Na própria fala estão as raízes poéticas. Sabe-se que a comunicação imediata entre duas pessoas se dá pela palavra e pelo gesto, que estão tanto mais intimamente ligados quanto mais primitivo for o grupo. O gesto complementa a fala, na proporção em que esta é limitada em sua inteligibilidade. Assim é que os gestos foram marcando o tom e o ritmo das palavras, até a caracterização dos primeiros contadores de seus feitos, as caçadas, e dos feitos da sua tribo, as guerras. A saliência cada vez maior do indivíduo que contava para outros o que ouvia, acarretou a procura de fins artísticos em relação à narrativa.

O primeiro valor artístico destacável das narrativas primitivas foi o ritmo, a música da palavra já cantada ou simplesmente articulada. E até nas revoluções mais radicais das formas poéticas o ritmo continua a ser o elemento-chave da expressão. É certo que a motivação rítmica das formas poéticas varia entre o passado e o presente, com também a sua perspectiva imediata: a fonética. Com o desenvolvimento cultural, os aspectos primários do ritmo e do som começaram a adquirir cores intelectuais, indivíduos que pensavam não mais em função estrita dos problemas da comunidade. Novas sugestões foram aparecendo e permitindo à narrativa constituir-se em formas fixas. Ensaístas e filósofos já se preocupavam então com a essência da poesia, numa tentativa de desligá-la da matriz onde fermentara com outras expressões, que também foram conquistando autonomia e passando, por características afins, à qualidade de gêneros. A poesia, ligada à estrutura narrativa, é a expressão artística que mais discussões têm suscitado em relação à sua essência.

Como qualquer arte a poesia também sofre mutações de conformidade com o estilo de época, isto é sofre uma tendência literária vinculada ao estilo de época que advém de um conjunto de normas que costuma atender aos padrões de gosto e às exigências ideológicas da classe social dominante, a qual seleciona as manifestações artísticas a que se dá maior projeção e muita vez condena ao esquecimento formas artísticas de outras camadas sociais. Assim, as tendências literárias no Brasil foram classificadas da seguinte forma: Quinhentismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo, Pós-Modernismo e Literatura da Atualidade, esta última, o motivo do presente estudo.

A POESIA CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA E SUAS MANIFESTAÇÕES.

A cultura brasileira vivenciou nas últimas décadas um período de acentuado desenvolvimento tecnológico e industrial; entretanto, neste período ocorreram significativas crises no campo político e social.

Os anos 60 foram repletos de uma grande euforia política e econômica, com amplos reflexos culturais, tais como: Bossa Nova, Cinema Novo, teatro de Arena, as Vanguardas e a Televisão.

A crise desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros e o golpe militar (1964) que derrubou João Goulart colocaram fim nessa euforia, estabelecendo-se um clima de censura e medo no país. Houve a edição do AI-5; fechamento do Congresso Nacional; censura nos jornais, revistas, filmes, músicas; perseguições e exílio de intelectuais, artistas e políticos. A cultura então usou disfarces ou recuou.

A conquista do tricampeonato mundial de futebol em 1970 foi capitalizada pelo regime militar e uma onda de nacionalismo ufanista espalhou-se por todo o país, alienando as mentes e adormecendo a consciência da maioria da população por um bom período de tempo. Usava-se o clichê: “Brasil – ame-o ou deixe-o”; cantava-se “Meu Brasil eu te amo” e a cultura marginalizou-se.

Em 1979, um ato presidencial fez o otimismo e a esperança renascerem naqueles que discordavam da política praticada pelos militares daquele período, o Presidente João Figueiredo sancionava a lei da anistia, permitindo a volta dos exilados, artistas, políticos e outros.

Na década de 80 inicia-se uma mobilização popular pela volta das eleições diretas, que só veio a se concretizar em 89, com a posse de Fernando Collor de Mello, cassado em 1991. E m 1995 houve a eleição e posse do presidente Fernando Henrique Cardoso.

Nesse período acima registrado desenvolveram-se as manifestações literárias a partir de duas linhas principais, que são as seguintes:

a) De um lado, a permanência de alguns autores já consagrados como João Cabral e Carlos Drummond de Andrade acompanhada do surgimento de novos artistas como Lygia F. Telles e Dalton Trevisan, ligados as linhas tradicionais da literatura brasileira: regionalismo, intimismo, urbanismo, introspecção psicológica.

b) De outro lado, a ruptura com valores tradicionais que se dispersaram através de propostas alternativas ou experimentais, buscando novos caminhos ou exprimindo de maneiras pouco convencionais as tensões de um país sufocado pelas forças de repressão. Nessa vertente nascem o concretismo, a poesia Práxis, os romances e contos fantásticos e alegóricos.

O professor Domício Proença Filho, citado por Faraco e Moura, defende a idéia de que “nas três últimas décadas, a cultura brasileira tem vivido sob o signo da multiplicidade seja na área política, social ou artística”.

Quanto à Poesia atual há nestas duas constantes:

a) Uma reflexão cada vez mais acurada e crítica sobre a realidade e a busca de novas formas de expressão; mantém no painel da literatura nomes sagrados como João Cabral, Mário Quintana, e Drummond.

b) Afirmação de grupos que usavam técnicas inovadoras como: sonoridade de palavras, recursos gráficos, aproveitamento visual da página em branco, recortes, montagens e colagens.

As principais vanguardas poéticas prendem-se aos grupos: Concretismo, Poema-Processo, Tropicalismo, Poesia-Social e Poesia-Marginal.

Concretismo: O concretismo foi idealizado e realizado pelos irmãos Haroldo e Augusto de Campos e por Décio Pignatari. Em 1952 esse movimento começou a ser divulgado através da revista “Noigrandes”, mas seu lançamento oficial aconteceu em 1956, com a exposição Nacional da Arte Concreta em São Paulo.

Vários poemas desse período não apresentam versos; jogam com a forma e o fundo, aproveitando o espaço gráfico em sua totalidade, brincam com o significado e o significante do signo lingüístico, rejeitam a idéia de lirismo e tratam de forma inusitada o tema. O poema é como um quadro, sem ligações com o universo subjetivo; esse objeto concreto é passível de manipulação e permite múltiplas leituras (de cima para baixo; da direita para a esquerda; em diagonal, etc.),

Como se pode perceber retomam procedimentos que remontam às vanguardas do início do século, tais como o Cubismo e Futurismo. Seus recursos são os mais variados: experiências sonoras, diagramação, criação de neologismos e outros. O poeta é um artesão da civilização urbana, sintonizado com o seu tempo.

Em 1962, Mário Chamie lidera um grupo de dissidente, contra o radicalismo dos “mais concretos” e instaura a poesia-práxis e faz uma espécie de manifesto: “as palavras não são corpos inertes, imobilizadas a partir de quem as profere e as usa... As palavras são corpos-vivos. Não vítimas passivas do contexto.”

Poema-Processo: Outra variante do Concretismo foi uma radicalização ainda maior – o poema – processo -, criação de Wladimir Dias Pino e Álvares de Sá, utilizando, sobretudo signos e dispensando o uso da palavra.

Tropicalismo: Foi um movimento musical popular que se originou ainda na década de 60, nos festivais de MPB realizados pela TV Record, que projetaram no cenário nacional os jovens Caetano Veloso, Gilberto Gil, o grupo os Mutantes e Tom Zé, apoiados em textos de Torquato Neto e Capinam e nos arranjos do maestro Rogério Duprat. Com humor, irreverência, atitudes rebeldes e anarquistas os tropicalistas procuravam combater o nacionalismo ingênuo que dominava o cenário brasileiro, retomando o ideário e as propostas do Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade. Dessa forma, propunham a devoração e deglutição de todo e qualquer tipo de cultura, desde as guitarras elétricas dos Beatles até a Bossa Nova de João Gilberto e o “nordestinismo” de Luiz Gonzaga. Os textos são caracterizados pela ironia e paródia, humor e fragmentação da realidade, enunciação de flashes cinematográficos aparentemente desconexos, ruptura com os padrões tradicionais da linguagem, como pontuação, sintaxe, etc. Suas influências foram fundamentais na música, mas repercutiram também na literatura e no teatro. Com o AI-5, seus representantes foram perseguidos e exilados. A partir daí, a linguagem artística ou se cala ou se metaforiza ou apela para meios não convencionais de divulgação.

Poesia Social: A poética da resistência teve como seu principal mentor o maranhense Ferreira Gullar, que, em 1964, rompe com a poesia concreta e retoma o verso discursivo e temas de interesse social (guerra-fria, corrida atômica, neocapitalismo, terceiro mundismo), buscando maior comunicação com o leitor e servir como testemunha de uma época. Após o golpe militar e o AI-5, empreende uma verdadeira “poesia de resistência”, ao lado de outros escritores, artistas e compositores entre os quais J.J.Veiga, Thiago de Mello, Affonso Romano de Sant’Ana, Antônio Callado, Gianfrancesco Guarnieri, Chico Buarque, Oduvaldo Viana Filho e outros.

Poesia Marginal: Uma manifestação de denuncia e de protesto a partir dos anos 70, quando se iniciou uma explosão de literatura geradora de poemas espontâneos, mal-acabados, irônicos, coloquiais, que falam do mundo imediato do próprio poeta, zombam cultura, escarnecem a própria literatura. A profusão de grupos e movimentos poéticos, jogando para o ar padrões estéticos estabelecidos, mostra um poeta cujo perfil pode ser mais ou menos assim delineado: jovem, seu campo é a banalidade cotidiana, aparentemente não tem nem grandes paixões nem grandes imagens, faz questão de ser marginal, assim se intitulando. Algumas das suas características são o experimentalismo, moralidade, ideologia e irreverência. A divulgação dessa obra foge ao tradicional. São textos fechados em muros, jornais, revistas e folhetos mimeografados ou impressos em gráficas de quintal e vendidas em mesas de restaurantes, portas de cinemas, teatros e centros culturais, nas ruas e esquinas, happening e shows musicais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Registra-se que alguns poetas atuais não se filiam a nenhuma dessas tendências citadas, ou constituindo obra pessoal ou seguindo novos caminhos, ainda muitos novos e incertos para serem catalogados; ou retomando a linha criativa de poetas já consagrados, como Drummond, Murilo Mendes e João Cabral. São eles, entre outros, Adélia Prado, Manuel de Barros, José Paulo Paes, Cora Coralina.

Pode-se também afirmar que na poesia contemporânea manifesta-se o cotidiano, o comum, o ordinário, a desmistificação dos mitos e a mitificação da experiência pessoal e que há um grande problema na poesia brasileira, é que ela ainda vive em pequenos grupos de amigos, ainda não chegou ao grande público, há poucas discussões e encontros sobre poesia. As discussões que existem se referem a uma poesia estilista, cheia de citações e referências apenas compreensível a um público seleto, letrado e bem alimentado.

Finalizando, cita-se Garcez:

(...) a poesia por seu caráter, edificante e revolucionário, de questionar a realidade tem que chegar ás calçadas, às ruas, aos guetos, enfim a todos, sem exceção, por que quando questionamos a nossa realidade racional damos vozes a nossa irracionalidade emocional e inconsciente, que é o que precisamos para entender que o ser humano necessita de algo bem mais caro que o dinheiro pode comprar.

REFERÊNCIAS

FARACO & MOURA. Língua e Literatura. vol. 3 Ed. São Paulo: Ática. 1994

Teoria Literária. Disponível em: Acesso em: 12jun.2010

GARCEZ. F.F. A poesia contemporânea em debate. Disponível em: Acesso em: 12jun.2010

Literatura Contemporânea. Disponível em Acesso em:12jun.2010