segunda-feira, 19 de outubro de 2009

DIA DO POETA

DIA MUNDIAL DO POETA

Hoje, 20 de outubro, sinto-me leve e solto para discorrer sobre este dia especial: Dia Mundial do Poeta.
Inicialmente é bom ressaltar que esta é uma data polêmica. Alguns consideram o dia 4 de outubro como sendo o dia oficial. Mas como a tais datas comemorativas, muitas delas de interesse comercial, vêm surgindo às pampas nos calendários municipais, estaduais, federal e até universal, nada há de novo em que cada indivíduo ou grupo adote aquela que melhor lhe convier. Da minha parte, considero como a data do poeta às vinte e quatro horas do dia-a-dia, porque, no meu rústico entendimento, poeta é um ser que vive a trabalhar a sua matéria prima incessantemente, com preocupação obsessiva de colocar esse legado à disposição dos seres mais sensíveis, únicos que conseguem compreender as suas geniais idéias. Até no descanso da sesta ou no período do sono noturno a sua mente permanece trabalhando e recolhendo no sonho impressões para desenvolvimento da sua obra: O POEMA.
O poeta utiliza a linguagem com fins estéticos.
A sua obra, o poema feito com arte, constitui a essência do trabalho artesanal: A POESIA.
Sabe-se que a poesia nasceu na Grécia. Ilíada e Odisséia foram os primeiros poemas que se tem conhecimento e Homero, autor dos poemas narrativos, é o primeiro e principal poeta de que se têm notícias.
Inumeráveis são os poetas conhecidos nos dias de hoje sendo impossível relacioná-los, pela quantidade, neste modesto texto, apenas registro uma singela homenagem a alguns dos quais com seus poemas e textos povoaram minha mente quando ainda menino.
Casimiro de Abreu (1839-1860) – o mais ingênuo e simples dos poetas românticos brasileiros era recitado quase que diariamente pelo meu avô José Gonçalves. Aos seis anos de idade eu já sabia decorado o poema “Meus oito anos” de tanto ouvi-lo declamar;
Jayme Caetano Braum (1924/1999) – foi alambrador, tropeiro e curandeiro. Um artista da região missioneira do Rio Grande do Sul que fez desse território o seu mundo. Costumava dizer que não era um poeta, apenas um payador. Quando alguém menos avisado classificava-o como poeta regional era repelido com a seguinte resposta: - Então o Dante Alighieri também é poeta regional, pois escreveu sobre uma região - o céu, inferno e paraíso. O poeta Jayme Caetano Braum, nativista, reverenciava o pampa e a cultura gauchesca. Meu pai, Manoel Francisco, costumava declamar seus poemas nos galpões e centro de tradições gaúchas, onde me levava com freqüência para assisti-lo.
Já na escola primária abri meu coração e me deixei influenciar pela leitura dos poemas de Cassiano Ricardo, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela, Castro Alves e Manuel Bandeira.
No curso ginasial conheci e bebi dos poemas de Homero, Virgilio e Dante Alighieri.
Nominando esses poucos que fizeram parte da minha iniciação na sublime arte, estendo aos poetas do mundo e os que partilham comigo os espaços da livre poesia, a homenagem por todos merecida.
Poeta, poema e poesia... (Uni-verso em harmonia)

IGdeOL.







terça-feira, 4 de agosto de 2009

DIA DOS PAIS

* Obrigado, meu pai!


Agita-se o mar revoltoso dos nossos dias,
Obscurece-se o sol da ventura no céu da sociedade,
O tufão dos dissabores sacode a barca,
Sacode a barca preciosa da família!

Tremenda luta!
Será um naufrágio cruel?
Não, um pulso firme como o aço dirige o leme,
Uma força invencível supera o perigo,
Força única, o amor!

A companheira querida da jornada terrestre,
Os filhos amados quais elos de ouro na perene união,
Seguros todos se sentem ao abrigo da barca familiar,
Ao teu abrigo, pai amado!

E neste momento de emoção singular
O frágil balbuciar da minha impotência
Depositar deseja aos teus pés, pai amado,
A mais calorosa gratidão,
A gratidão ardente deste filho que compreende,
Ainda que imperfeitamente,
O que lhe foste na estrada da vida!

Aceita as flores do meu afeto
Porque o que sou não seria sem ti,
Porque és baluarte contra inimigos da ventura,
Porque sacrificas o teu ideal em prol do lar,
Obrigado meu pai!

E quando um dia
Tornarem-se brancos os teus negros cabelos
E o peso dos anos curvarem o teu peito viril
Então pai querido, vem,
Pois terá chegado à hora da minha retribuição...

E por tudo que me destes e me dás,
Obrigado meu pai!

* Este poema foi declamado pelo autor por ocasião de uma festa comemorativa ao Dia dos Pais, em 08/08/1965, quando no retorno para casa o seu pai foi vítima fatal num acidente rodoviário.
(IGdeOL, Amor, singelo Amor!, Ed. Ind., Gráfica Verdes Mares, 2002, pág. 98).







OFERTA

Ao meu pai, “in memorian”.

Peço licença, meu velho,
Para com uma genuflexão
Colocar os joelhos no chão
E fazer-te uma homenagem
Uma sincera mensagem
Como derradeira prece
Que você muito merece,
Lembrança da tua imagem!

Partiste como muitos outros
Para a Estância Grande do Além
Onde com certeza também
Lá um dia farei morada
E ao som da viola afinada
Cantaremos com alegria
Muitas trovas de porfia
Como canta a gauchada!

Aceita, meu querido velho,
Esta oferta que te faço,
Bendito tendo do laço
Que nos une em afetos!
Abençoa os teus netos
Que são buenos como tu,
Uma prenda e dois chirus
Teus descendentes diletos!

E eu que não fui, nem serei,
O que tu foste “Maneco”,
Exemplo de homem correto,
Que foi orgulho para mim,
Espero que sejam assim
Também nossas gerações
Para que honrem as tradições
Deste Rio Grande sem-fim!

Te ofereço com carinho,
Estes versos que escrevo,
Um aprendizado que devo
A ti, meu velho gaudério,
Que jamais me fez mistério
De tudo que de bom existe
Carregando sempre em riste
A virtude de homem sério!

(IGdeOL, Amor, singelo amor!, Ed. Ind., Gráfica Verdes Mares, 2002, pág. 95)

terça-feira, 21 de julho de 2009

CALENDÁRIO


Para que computar
os segundos vividos
se na essência do tempo
não há ouvidos ao lameto
do tempo perdido?

O arcano do tempo
mantém-se escondido
no Tempo da vida.
O que foi ou será
a todo o instante se dá!...

O momento vivido
é energia latente,
sem passado ou futuro
toda a Lei é o presente.




(IGdeOL)

segunda-feira, 29 de junho de 2009

NOITE DE SOLIDÃO

Leva-me a solidão
à praça do centro
onde o murmúrio do vento
sopra o lamento do poema desleixo.

Bancos quebrados,
lixo acumulado
mendigo acossado
cães famintos
marmita de restos
caridosa oferta
opulento vizinho
mansão da esquina.

Desleixo da praça,
cães que acossam
famélico pedinte
nobre ação
caridoso vizinho.

Desnudo a solidão das coisas
e volto a viver na companhia da minha própria incúria

segunda-feira, 8 de junho de 2009

CASA DA LUZ VERMELHA

(IGdeOL)

E as estrelas,
As estrelas da noite
No descanso do ocaso
São sinais no caminho
Que o mundo destina
A quem no escuro
Procura apressado
Por um sinal de vida.

É na fonte da luz
Cor vermelha das paixões
Da emoção sem razão
Que se descobre
Por um instante
Na nudez da noite
O sonho da vida
Ou a ilusão perdida
No seio da amante.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

FELICIDADE

Pés descalços deslizam suaves
Sobre a areia quente de fulgente sol
Que abrilhanta à tarde...

Eles me conduzem na sagrada orla
Despido do vício, da maldade humana,
Sou leve pluma que na areia oscila
E que na água flutua como branca espuma...

Fito ao longe o horizonte liso
E vejo a vida com sentido juízo!

Percebo então que o esconderijo dela,
Busca constante de todo ser vivente,
Está em nós, em simples atos,
Delícia plena que nos encanta a mente!
(IGdeOL)

terça-feira, 5 de maio de 2009

MENTE EM EVOLUÇÃO




Adiciono na betoneira alguns elementos:
Água, pedras, areia, cimento e cal.
Alegrias, tristezas, dores e felicidades,
Saudades também, muitas saudades,
E assim vou criando poemas concretos e abstratos,
Retratos do meu pensamento.

(IGdeOL)

quarta-feira, 4 de março de 2009

FILOSOFIA DE PEÃO



Antecipado ao Dia da Mulher


(IGdeOL)

Nos galpões da minha terra
Nos saraus e nos serões
Tal uma sentida prece
A cultura se aquece
Ao derredor dos fogões...

Os peões lembram façanhas
Das rudes lides do dia
Nas tarefas da fazenda
Alguém dedilha uma viola
E num canto um moço chora
O desprezo de uma prenda...

E um trovador sessentão
Na mais paciente paciência
Curtido na experiência
Ao longo da existência
De desprezos e paixões
Fala a sós com seus botões:

- Mulher é como a madeira
Que nutre uma grande chama
No coração de quem ama
Com amor sincero e terno,
Mas o desdém sempiterno
De qualquer forma que venha
É fogo da mesma lenha
Que alimenta o inferno.

Parece que o Creador,
Aos nos retirar a costela
Para forma a donzela
Companheira de jornada
Criava uma lei alada
Nos atropelos da vida:
Não seja ela compreendida,
Simplesmente seja amada!...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

OUTRO CARNAVAL

Neste carnaval derradeiro
investirei nas folias de Momo
para soltar o meu eu verdadeiro.

Uma máscara cobre minha face
disfarce do que não sou
coragem para fazer o que sou.

Apanágio dos meus longos dias
quando lúcido e responsável
escondo a volúpia dos meus desejos,
medo da notável discriminação
concebida em minhas entranhas.

Prestes a uma nova façanha
aguardo mais um carnaval
ruas e salões enfeitados
foliões desatinados
pouca roupa, quase nada,
mascarados, mascaradas,
bebida, suor, algazarra,
trio elétrico, fanfarra,
sexo, loucura, miçangas,
todos a soltar a franga!

Neste carnaval derradeiro
investirei nas folias de Momo
para soltar o meu eu verdadeiro.

(IGdeOL, 2009)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

MEU POEMA

Meu verso,

rude substância

e ânsia de una nova poesia!



Obra de um escriba aprendiz

à procura da maestria...



Pedra bruta que amanho com carinho

construindo um novo templo...



Ninho para a saudade

ao fim da hora tardia

quando acabar o meu tempo!...

(IGdeOL)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

SER CONSCIENTE

Na terapia de todos os dias
rego as sementes da minha lavoura!

Germes da harmonia
no âmago da gente,
no coração e na mente
bons sentimentos
e bons pensamentos...

Sementes do verbo
que uso contente
expandindo minha alma!

Criações mentais,
força e vigor reproduzida
no templo da vida.

Laço do eco do grito seguro
do poeta aprendiz ao profeta futuro!

(IGdeOL)

DECLAMAÇÃO

É uma torrente quente
de vulcão sisudo
o inquieto verbo
expelido ao mundo.

Êstase plena de uma alma eclética,
geratriz sonora, reza que se ora
na tradução solene da escrita poética.

(IGdeOL)