sexta-feira, 23 de abril de 2010

VENTO SUL




(IGdeOL)

São dias amargos, aziagos, os dias de vento sul!
Vejo o mar, a baía, a Praia do Meio
fria, sem o contraste do azul calmo, sereno,
sem os tons esverdeados dos dias de sol
no Bairro Coqueiros.

Os dias de vento sul
são dias amargos, aziagos!...

Homens, mulheres, crianças,
protegem o corpo, protegem o rosto
e saem à rua encolhidos, escondidos,
enrolados em seus agasalhos, abrigos,
nesses dias amargos, aziagos.

Enrolados também seus pensamentos
não notam que o vento é parte da providência Divina,
limpa a rua, a sujeira da esquina,
limpa o mar, a praia, o oceano,
a atmosfera e a terra que amamos!

E nesses dias, dias amargos, aziagos,
o Universo local se renova
levando ao sabor do vento
miasmas do pensamento
que ao muito longe desova
e por muitos outros dias
nos retorna as alegrias
do azul esverdeado do mar
das manhãs lindas de sol
das tardes de arrebol
e das horas subliemes de amar!

sábado, 17 de abril de 2010

A TRAVESSIA


(IGdeOL)

O porto não é tão distante como imaginava.

Cheguei ao local na noite passada conduzido pelo meu padrinho Florêncio que tinha a missão de mostrar-me o barco que há muito tempo transportou, com toda a segurança, o meu avô para o outro lado da vida.

Inicialmente nada pude observar. Parecia-me que meus olhos estavam vendados, tal a escuridão que ali se fazia. Vi a luz gradativamente ao tempo em que ouvia a voz do meu padrinho dirigindo-se ao barqueiro:

- Este é o poeta de quem te falei, neto do velho Gonçalves e meu afilhado. Ele tem disponível alguns talentos que economizou da venda de livros de versos e deseja acertar o preço da futura viagem em teu barco...

Ouvi até esse ponto da conversa. Meu padrinho diminuiu o tom da voz. Ambos gesticulavam. Pareciam dois italianos amigos que se encontram antes da missa das manhãs de domingo.

Recomposto observo o cenário e presto atenção naquela figura misteriosa que se chama Caronte. Vestes negras, barba branca (longa e espessa) , vivacidade no olhar, rosto majestoso e severo. Velho, muito velho...

Já desfeito do choque inicial perguntei-lhe, aproveitando o momento em que se encontravam nossos olhares:

- Caro Caronte, quando posso fazer a travessia?

- Quando findar o teu tempo, jovem poeta.

- E o custo da viagem? Posso pagar-te antecipado ou financiar pela Mortevest?

- Não caro poeta, nada recebo antecipado e a financeira não é da minha confiança.

- Então, como devo proceder?

- Teus entes vivos é que farão o pagamento. Tua alma embarcará "no meu barco" após eles terem celebrado as devidas cerimônias fúnebres e teu corpo tenha sido convenientemente cremado e/ou sepultado. Não poderão esquecer-se de colocar uma "garoupa" no teu "Olho de Shiva", que retirarei para o pagamento do transporte.

- E se tal não ocorrer?

- Vagarás pela margem do grande rio durante cem anos, entre troncos e barrancos, para que se torne limpo, puro, leve e finalmente digno de adentrar ao meu barco.

- Reserva-me uma passagem, por favor! Volto ainda hoje à Itapema. Gastarei com bom gosto os talentos economizados até agora e concluirei o meu testamento.

Despedi-me de ambos com um triplice e fraternal abraço.

Padrinho Flor ficou no porto contando causos e recitando meus versos para entretenimento de Caronte. Aguardam o meu retorno com uma nota de "garoupa" sobre o olho da alma.




domingo, 4 de abril de 2010

VERSOS ESPARSOS E ESTAÇÃO CATARINA





















Agradecemos a presença dos amigos das letras no lançamento dos livros VERSOS ESPARSOS, poemas de IGdeOl, ilustrações de Hugo Aresse Quintana, Blumenau: Nova Letra, 2009 e ESTAÇÃO CATARINA, O trem passou por aqui, Org. e seleção de textos por Fátima Venutti, Blumenau: Nova Letra, 2009, realizado no dia 31 de março p.p., no Hotel Resort Residencial Itapema, na cidade de Itapema (SC).
Reconhecimento ao apoio recebido das seguintes pessoas e instituições:
Poeta Pedro de Quadros Du Bois, presidente da Academia Itapemense de Letras, e sua esposa Tânia Du Bois;
Empresário Cássio Fernando Lopes Peixoto e sua esposa Jacira, diretores do Hotel Resort Itapema;
Acadêmico da AIL, Francisco Eduardo Barbosa, publicitário;
Adalberto Nunes de Oliveira, músico;
Claudionor Brasil de Lima, fotógrafo;
Djalmo e Soraya Amaral, artesãos
Compareceram ao evento as seguintes autoridades:
Maria Luci da Silva, Vice-prefeita municipal;
Letícia Boing, diretora de cultura municipal:
Alcionei Tridapalli, vereador;
Terezinha Manczack, Cônsul Poetas del Mundo para o Estado de Santa Catarina;
Registramos também a presença dos co-autores do livro Estação Catarina:
Fátima Venutti, Ivo Gomes de Oliveira, Jairo Martins, Paulo Roberto Bornhofen e Rosane Magaly Martins e do poeta e escritor Rubens da Cunha, de Joinville (SC)