terça-feira, 4 de agosto de 2009

DIA DOS PAIS

* Obrigado, meu pai!


Agita-se o mar revoltoso dos nossos dias,
Obscurece-se o sol da ventura no céu da sociedade,
O tufão dos dissabores sacode a barca,
Sacode a barca preciosa da família!

Tremenda luta!
Será um naufrágio cruel?
Não, um pulso firme como o aço dirige o leme,
Uma força invencível supera o perigo,
Força única, o amor!

A companheira querida da jornada terrestre,
Os filhos amados quais elos de ouro na perene união,
Seguros todos se sentem ao abrigo da barca familiar,
Ao teu abrigo, pai amado!

E neste momento de emoção singular
O frágil balbuciar da minha impotência
Depositar deseja aos teus pés, pai amado,
A mais calorosa gratidão,
A gratidão ardente deste filho que compreende,
Ainda que imperfeitamente,
O que lhe foste na estrada da vida!

Aceita as flores do meu afeto
Porque o que sou não seria sem ti,
Porque és baluarte contra inimigos da ventura,
Porque sacrificas o teu ideal em prol do lar,
Obrigado meu pai!

E quando um dia
Tornarem-se brancos os teus negros cabelos
E o peso dos anos curvarem o teu peito viril
Então pai querido, vem,
Pois terá chegado à hora da minha retribuição...

E por tudo que me destes e me dás,
Obrigado meu pai!

* Este poema foi declamado pelo autor por ocasião de uma festa comemorativa ao Dia dos Pais, em 08/08/1965, quando no retorno para casa o seu pai foi vítima fatal num acidente rodoviário.
(IGdeOL, Amor, singelo Amor!, Ed. Ind., Gráfica Verdes Mares, 2002, pág. 98).







OFERTA

Ao meu pai, “in memorian”.

Peço licença, meu velho,
Para com uma genuflexão
Colocar os joelhos no chão
E fazer-te uma homenagem
Uma sincera mensagem
Como derradeira prece
Que você muito merece,
Lembrança da tua imagem!

Partiste como muitos outros
Para a Estância Grande do Além
Onde com certeza também
Lá um dia farei morada
E ao som da viola afinada
Cantaremos com alegria
Muitas trovas de porfia
Como canta a gauchada!

Aceita, meu querido velho,
Esta oferta que te faço,
Bendito tendo do laço
Que nos une em afetos!
Abençoa os teus netos
Que são buenos como tu,
Uma prenda e dois chirus
Teus descendentes diletos!

E eu que não fui, nem serei,
O que tu foste “Maneco”,
Exemplo de homem correto,
Que foi orgulho para mim,
Espero que sejam assim
Também nossas gerações
Para que honrem as tradições
Deste Rio Grande sem-fim!

Te ofereço com carinho,
Estes versos que escrevo,
Um aprendizado que devo
A ti, meu velho gaudério,
Que jamais me fez mistério
De tudo que de bom existe
Carregando sempre em riste
A virtude de homem sério!

(IGdeOL, Amor, singelo amor!, Ed. Ind., Gráfica Verdes Mares, 2002, pág. 95)